domingo, 3 de dezembro de 2017

Tomando decisões

Você caminha tranquilamente na calçada, prescruta o seu redor e, de repente, aparece uma fruteira com seus produtos expostos com seus respectivos preços. Belas laranjas custando o mesmo preço que as laranjas da quitanda perto da sua casa, mas mais atraentes. Resolveu comprá-las. Em seguida, encontra uma lotérica expondo os resultados do último jogo da MegaSena destacando a palavra ACUMULOU. Aí, pensa-se se jogará ou não o próximo jogo.



O que essas duas situações têm em comum? As decisões tomadas. Ele comprou laranjas imperdíveis e está em dúvida se joga na MegaSena. Digo que a tomada de decisões obedecem a três critérios: risco, custo e benefício. Quando se fala em relação custo/benefício, fica claro que não há riscos. Risco zero. Mas quando os riscos não são zero? No primeiro exemplo que citei acima, não há nenhum risco, há somente custo e benefício. No segundo caso, há um risco elevadíssimo, mesmo assim ela fica em dúvida se joga ou não. Normalmente, as pessoas evitam coisas quando o risco é alto demais, mas não é o caso de jogos. Por que isso? Vamos tentar entender.



Na maioria dos casos, não há como quantificar os benefícios. Sabemos apenas se "vale a pena" ou não investir. No caso dos riscos, mesmo sendo possíveis de quantificar, costumam ser tão evidentes que sabemos apenas se é "alto", "médio" ou "baixo". Já os custos, embora sejam quantificáveis (se for em dinheiro), também decidimos no "vale a pena" ou não. Então, como saber se um custo, benefício e risco "valem a pena" ou não? Tudo depende do resultado da interação desses três fatores. Começando pela técnica dos extremos.


1) O que as pessoas desejam? Mínimo custo, mínimo risco e máximo benefício.
2) O que as pessoas evitam? Máximo custo, máximo risco e mínimo benefício.


Embora na prática não seja possível quantificar alguns desses critérios, vamos fazer de conta que é, para entendermos melhor isso tudo.


Vamos voltar na fruteira


O sujeito viu laranjas que custavam R$ 5,00 o quilo (CUSTO), o mesmo preço que pagaria perto de sua casa, mas as laranjas que comprou eram mais vistosas e talvez mais suculentas (BENEFÍCIO) (não há riscos. RISCO zero). Se quantificarmos os benefícios, ou na prática, a qualidade das laranjas, daríamos notas de 0 a 10. Digamos que a nota que o sujeito daria para as laranjas que comprou seja 9 e para as laranjas perto de sua casa daria 4. Então teremos para cada um dos casos:


Laranjas perto da sua casa:

Custo: R$ 5,00
Risco: 0%
Benefício: 4

Laranjas da fruteira:

Custo: R$ 5,00
Risco: 0%
Benefício: 9

O diferencial é o benefício: no segundo caso, foi maior, portanto, o sujeito decidiu comprar a laranja que viu na fruteira.


Vamos ao caso da MegaSena: as chances de ganhar da MegaSena é de um para cada 50 milhões. Isso não é um risco, é uma verdadeira declaração de perda, mesmo assim, as pessoas jogam. Por quê? O valor da aposta (CUSTO) é ínfimo se comparado ao prêmio a ser pago (BENEFÍCIO) caso ganhe. Esse, aliás, é um caso raro onde custo, risco e benefício podem ser quantificados.


Custo: R$ 3,50 (cada jogo) - BAIXO
Risco: 1/50.000.000 - SUPREMO
Benefício: variável, mas podemos pôr 50 milhões - ALTÍSSIMO


Os jogos da MegaSena tem um risco elevadíssimo, mas seu custo é infinitamente baixo se comparado ao benefício. Por isso, mesmo com o risco elevadíssimo, pessoas jogam: se perderem, perdem pouco, quase nada; se ganharem, ganham muito. Nos jogos da Quina, o risco é menor - metade da MegaSena - o custo é igual, mas o prêmio é muito menor. Esse é o motivo por que prefiro apostar na MegaSena que na Quina, já que na prática, as chances são iguais.



Eis aí como as pessoas tomam decisões. A regra é tão importante que é mister repetir:


1) O que as pessoas desejam? Mínimo custo, mínimo risco e máximo benefício.
2) O que as pessoas evitam? Máximo custo, máximo risco e mínimo benefício.


Na maioria dos casos, não é preciso quantificar essas variáveis, pois sabemos quando um custo é alto ou baixo, quando um risco é alto ou baixo e quando um benefício é alto ou baixo. É racional, quase instintivo!!!


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