sexta-feira, 7 de abril de 2017

Machismo, Manoela???

Manoela D'Ávila, deputada federal (PCdoB - RS), usou um estudo realizado pela infelizmente extinta FEE para provar a existência do machismo no Brasil, especificamente no mercado de trabalho. Segundo o estudo, as mulheres ganham 26% menos que os homens, enquanto no RS ganham 22% a menos. É claro que Manoela inundou o planeta com um dilúvio lacrimal com tal revelação, pois seria a prova inconteste da opressão masculina sobre as mulheres. Existem, de fato, várias provas da existência do machismo, da discriminação e desrespeito contra mulheres, mas esse estudo não é uma delas. Explicarei, a seguir:



Quando escolhemos aleatoriamente - do nada - 50 mulheres e 50 homens, teremos cem pessoas com diferentes salários. Uns ganham um salário mínimo, outros, mais de cem salários mínimos, e no meio, aqueles que ganham mais de um salário mas menos de cem. Soma-se os salários de todos eles. Sem medo de escapar da realidade, podemos sugerir uma soma de 5.000 salários mínimos, quase 5 milhões de reais. Agora, vamos dividir, aleatoriamente, esse grupo em dois de cinquenta pessoas cada um. O que acontecerá? Mui provavelmente, a soma salarial de um grupo será maior que a do outro, digamos que essa diferença seja de 15%. Reagrupemos esses grupos e fazemos uma nova divisão de dois com cinquenta. Resultado: uma diferença de 50%. Repetindo a operação diversas vezes, teremos várias diferenças salariais entre um grupo e outro. É como jogar dados. A menor diferença salarial possível entre esses dois grupos será de 0%, ou seja, os dois grupos tem exatamente a mesma renda; já a maior diferença possível entre os grupos ocorre quando uma metade é formada pelos mais pobres e a outra pelos mais ricos, como nesses gráficos sobre concentração de renda. No Brasil, a diferença salarial entre a metade rica e a metade pobre é de aproximadamente 75%!!!



Não sei qual a metodologia usada pela infelizmente extinta FEE, tampouco sei do seu objetivo, mas se é para tirar conclusões das diferenças salarial entre dois grupos, seria necessário, antes, encontrar a máxima diferença salarial possível entre eles para só depois fazer uma comparação. Digamos que a porcentagem de mulheres na pesquisa seja de 50% (percentual que usei), então, deve-se descobrir a diferença salarial entre a metade rica e a metade pobre da amostra, que seria a tal diferença máxima. Se for de 30% contra 70%, então, descubra-se a diferença entre os 30% mais pobres (se essa for a proporção de mulheres) com os 70% mais ricos, e só depois vamos comparar a diferença salarial entre homens e mulheres!!!



A DIFERENÇA SALARIAL ENTRE HOMENS E MULHERES SÓ INDICARÁ MACHISMO SE ESTIVER PRÓXIMA DA DIFERENÇA SALARIAL ENTRE RICOS E POBRES, OU SEJA, DA MÁXIMA DIFERENÇA SALARIAL POSSÍVEL (MDSP)!!!



Como eu disse, a metade pobre do país recebe aproximadamente 75% menos que a metade rica, então, os 26%, ou 22% regional, que separa os salários de homens e mulheres não indicam machismo no mercado de trabalho, pois essas diferenças estão mais próximas do 0% que dos 75% da realidade brasileira!!!



Para provar a existência do machismo por meio de estudos disponíveis e que ele é significativo, basta saber que mulheres são espancadas ou mortas por seus cônjuges, sem falar dos casos de estupro, que são significativos. Antes de recorrer aos estudos da infelizmente extinta FEE, Manoela D'Ávila deveria averiguar se está recebendo as mesmas mordomias dos seus colegas deputados federais ou não. Se ela não recebe, ela falará em machismo???

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